1 de dezembro de 2016

“Os baianos — ‘Baiano não nasce; estreia...’”

TEXTO SEM DATA
RIBEIRO, João Ubaldo, “Os baianos — ‘Baiano não nasce; estreia...’”, Revista Manchete, texto sem data.

JUR: “... esse é o baiano do Recôncavo — falador, pegador, alisador, compositor, cantor, declamador, tomador de intimidades instantâneas, preguiçoso, relaxado, incapaz de compreender a necessidade de horários, festeiro, cara-de-pau... (...). Em contraste, vem o baiano do sertão, o euclideano ‘antes de tudo um forte’ (aliás, Euclides da Cunha se referia a nós, do Recôncavo, como ‘mestiços neurastênicos do litoral’), gente muito diversa do pessoal da praia. (...) São os baianos de ancestrais cangaceiros, coronéis, jagunços, combatentes de Canudos, acostumados a ‘tudo pouco’: pouco de comer, pouca chuva, pouca conversa, pouca brincadeira, pouca intimidade, tudo pouco. (...) ... continuamos a ser e não ser tudo aquilo que pensam de nós, a ser cidadãos de um país grande e nativos de uma nação especial. E não aceitamos presentes de pulseiras e colares, nada que amarre (...), não gostamos que nos passem a mão na cabeça (...), não sentamos de costas para a porta, não damos nem nome nem objeto pessoal à gente de pouca confiança (...), não esquecemos o santo na hora de beber, gostamos de conversar sobre comida, temos hábitos sexuais pouco ortodoxos, somos compositores, cantores, vaqueiros, sofredores, curtidores, lutadores (...)”.

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