28 de abril de 2010

"O grafógrafo"

"Escrevo. Escrevo que escrevo. Mentalmente me vejo escrever que escrevo e também posso me ver ver que escrevo. Lembro-me escrevendo e também me vendo que escrevia. E me vejo lembrando que me vejo escrever e me lembro vendo-me lembrar que escrevia e escrevo me vendo escrever que me lembro de ter me visto escrever que me via escrever que me lembrava de ter me visto escrever que escrevia e que escrevia que escrevo que escrevia. Também posso me imaginar escrevendo que já tinha escrito que me imaginaria escrevendo que tinha escrito que me imaginava escrevendo que me vejo escrever que escrevo." 

Salvador Elizondo, "O grafógrafo", trad. Antônio Xerxenesky.

Então, Salvador, escreva, ora! Pois.

Um comentário:

  1. Não somente escrever..., mas, qualquer outra ação daria um excêntrico sentido de similaridade...

    ResponderExcluir